quinta-feira, 27 de setembro de 2007

1963/02/02 - REVISTA DO ESPORTE EDIÇÃO 204 - OS GOLS MAIS SENSACIONAIS DE SAULZINHO

SAULZINHO, o goleador gaúcho, natural da cidade de Bagé, revelou-se um dos melhores homens de área do futebol carioca tão logo foi contratado pelo Vasco da Gama. Justamente por este motivo, Saulzinho encontrou alguma dificuldade para, ao ser apanhado de surpresa pela RE, relembrar seus maiores gols. Ficou pensativo, sentou-se ao lado do repórter, passou a mão direita pelo rosto, e começou a narrativa, reconhecendo que a tarefa de se recordar dos seus mais belos feitos não seria coisa fácil, “porque foram muitos, bonitos e importantes os gols que assinalei em toda a minha carreira”. Começou ele:
- Um dos mais bonitos que marquei foi exatamente quando disputei minha primeira partida em uma equipe profissional. Vejam bem quanta sorte tive: estava na reserva. O meu time, o Bagé, enfrentava o Nacional de Porto Alegre, em 1954. Tratava-se de um amistoso. Faltava 10 minutos para acabar o jogo, quando o técnico, tenente Francisco Brochado, lançou-me na ponta esquerda. Houve um ataque nosso. Camacho, o ponta direita, correu bastante, passou pelo seu marcador e, da linha de fundo, centrou forte. A bola bateu no terreno, amorteci-a no peito e, de costa para a meta, puxei-a de “bicicleta”. Foi a primeira bola que apanhei e o nosso time acabou ganhando de 1 x 0.
- Ainda em meu Estado, em 1956, quando eu jogava no Guarani, contra o Bagé, fui autor do único tento que decidiu o campeonato a nosso favor, no último jogo. O nosso extrema-direita correu pelo seu setor e, da linha de fundo, centrou para trás. Apanhei a pelota na linha da grande área e dominei-a na coxa. Antes de a bola cair, chutei-a entre os dois zagueiros e ela passou por cima da cabeça do goleiro. Foi aos 13 minutos de jogo do segundo tempo. Sagramo-nos campeões minutos após. Foi uma das maiores emoções que senti em toda a minha carreira.
- Desde que me transferi para o futebol carioca, três dos muitos gols que marquei um duas temporadas ficaram gravados em minha memória e nunca deixarão de figurar na galeria de honra dos meus melhores tentos. O primeiro deles, assinalei-o no jogo contra o Flamengo, no Torneio Rio-São Paulo de 61. O Vasco perdia por 1 x 0 e buscava a igualdade a todo custo. Coronel chutou a bola para dentro da área inimiga. Entrei de carrinho, à meia altura e desviei-a do goleiro Fernando, colocando-a no canto oposto. Foi o gol do empate que perdurou até o fim da partida.
- No jogo do primeiro turno do campeonato passado, com o Bonsucesso, quando vencemos de 3 x 0, colaborei com um gol que foi o primeiro da minha autoria, em 62. Joãozinho apanhou a bola na intermediária contrária, conduziu-a até a lateral da grande área e executou o centro, alto. Quando a bola ia caindo, mais ou menos na marca do pênalti, apanhei-a de pé esquerdo, num sem-pulo fulminante, no cantinho, sem que o goleiro pudesse ao menos tocá-la. Foi um gol realmente sensacional e que fez a nossa torcida delirar por alguns instantes.
- Contra o Bangu, na partida do primeiro turno do último certame carioca, do qual saímos vencedores por 1 x 0, tive a felicidade de ser o autor do gol. Houve um chute longo da nossa retaguarda, não me lembro de quem. A bola passou entre Mário Tito e Zózimo, que ficaram indecisos. Também o goleiro Ubirajara, ao sair da meta, claudicou um pouco. Formou-se, então, aquela jogada de incertezas de parte a parte. Cheguei a passar da bola, mas, mesmo assim, improvisei uma “bicicleta” que deu para conduzi-la no bico da chuteira e, com um impulso firme, jogá-la no fundo da rede.Até os dias atuais, foram esses os gols mais sensacionais que marquei. Entretanto espero que, este ano, possa ter inspiração para marcar muitos outros, a fim de ajudar o Vasco a ser campeão do Rio-São Paulo e reaver a posse do título máximo carioca – finalizou Saulzinho, dianteiro gaúcho do clube cruzmaltino.

Um comentário:

germaneo disse...

Buenas,Hoje na madrugada ouvi a reportagem vossa na Radio Bandeirantes ,me lembro de qdo tu jogava,parece incrivél mas tenho essa revista do esporte com essa reportagem,o mundo é muito pequeno,estive o ano passado em Bagé,fazendo montagens no frigorifico, e nem poderia imaginar que tu morava nessa gostosa cidade,só o frio que é danado..um abraço..Germaneo Toloto Ourinhos-SP